Ovos de Páscoa: bom para o comércio, ruim para o seu bolso

Todo ano fico me perguntando se a minha maneira de pensar acaba me afastando das pessoas.

É complicado focar em escolhas financeiras inteligentes e num estilo de vida de construção de riqueza quando se vive num mundo cada vez mais consumista e ligado a ostentação sem limites.

A pressão para pensar como a manada é diária e vem de todos os lados, propagandas na TV, revistas, conversas com amigos, críticas e ofensas de conhecidos (pão duro, mão de vaca, tio patinhas e outros apelidos carinhosos). A sensação que experimento é de estar, sozinho, nadando contra a maré.

E em certas épocas do ano parece que essa maré fica ainda mais forte, a ponto de quase me carregar. A Páscoa, data que serviria para comemorar a ressurreição de Cristo, é um destes momentos.

A origem dos Ovos de Páscoa

Já parou para pensar em como uma data religiosa virou motivo para pagarmos até 500% mais caro em chocolates com formato oval? E porque o coelho, mamífero que não coloca ovos, é o encarregado de entregá-los?

Como curioso, e interessado pela origem das tradições consumistas sem sentido, pesquisei e descobri que o início dos ovos de Páscoa remonta a épocas muita antigas, anteriores ao próprio nascimento de Cristo.

As culturas gregas e egípcias, por exemplo, já tinham datas comemorativas onde ovos de galinha eram decorados por fora e dados de presente como símbolo de fertilidade e nascimento da vida. Uma das datas de destaque era o equinócio da primavera no hemisfério norte (dia 21 de março).

Com o surgimento do cristianismo, essas tradições pagãs acabaram sendo incorporadas a comemoração da Páscoa. A absorção de tradições de outras religiões era comum e facilitava a conversão dos fiéis.

O coelho foi introduzido no meio disso tudo pelos alemães, também como símbolo de fertilidade e vida, já que sua capacidade de reprodução é admirável (que o diga a galinha da foto acima).

O salto dos ovos de galinha para os de chocolate foi dado pelos confeiteiros franceses de Luís XIV, que costumavam esvaziar os ovos de galinha, retirando a clara e a gema, para preenche-los com chocolate no lugar.

Com a evolução da tecnologia após a revolução industrial, os ovos de Páscoa passaram a ser feitos apenas com chocolate. Desde então a data tem ganhado espaço devido ao caráter comercial.

Os lucros oriundos das vendas de Páscoa são tão grandes que algumas empresas de chocolate conseguem pagar as despesas de todo ano apenas com os ganhos dessa festividade.

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3 motivos para não comprar Ovos de Páscoa

Chegamos ao objetivo deste artigo!

Espero te convencer da completa falta de sentido que existe no ato de comprar ovos de Páscoa e do porquê não vale a pena continuar com essa tradição sem sentido.

1# Custa muitas vezes mais que o chocolate em barra só porque vem em forma de ovo

Em qualquer lugar do mundo onde as pessoas têm a chance de comprar o mesmo produto por um preço muito menor, elas o fazem sem pensar. Porém, algum tipo de insanidade temporária parece afetar a população brasileira na Páscoa.

Atualmente é possível adquirir uma barra de chocolate, de 150 ou 160 gramas, da marca Lacta por R$ 5 nas Lojas Americanas, 2 barras por R$ 10 e em promoções é possível levar 3 barras por R$ 12, totalizando 450 (ou até 480) gramas de chocolate por 12 reais. Entre as opções temos Diamante Negro, Shot, Laka e outros chocolates consagrados.

Você pode, ainda, optar por comprar uma embalagem de presente para tornar as barras mais aceitáveis à sociedade consumista. Embalagens de presente custam de 3 a 6 reais, os quais somados ao valor das barras ainda assim o farão economizar muito.

Isso porque um ovo de Páscoa, feito do mesmíssimo chocolate das barras e pesando os mesmos 450 gramas, sai por R$ 55, cerca de 4,6 vezes mais caro que o valor do chocolate em barra (sem a embalagem para presente).

2# A Páscoa é uma festa originalmente religiosa

Como citei no início do artigo, a Páscoa é uma data religiosa, onde se celebra a ressurreição de Cristo.

Logo, se você é cristão é melhor se ater ao significado religioso da data, que nada tem a ver com comprar chocolates por preços exorbitantes e mentir para seus filhos falando que um coelho mágico foi quem deixou os mesmos em casa.

Se você não é cristão, então este é só mais um dia qualquer no qual você também não precisa se preocupar com ovos feitos de chocolate.

Repare que não sou contra a troca de chocolates, mas sim contra os gastos excessivos e escolhas imprudentes que podem causar impactos nos outros meses do ano.

3# Não é bom para o seu bolso reforçar qualquer tipo de tradição que obriga as pessoas a comprarem coisas

Não tenho argumentos negativos sobre o ato de presentear familiares e pessoas das quais gostamos de livre e espontânea vontade, mas sou totalmente contra as pressões sociais que obrigam as pessoas a darem presentes umas as outras, mesmo em ocasiões em que as mesmas não têm condições financeiras para isso.

Este tipo de tradição sem sentido, presente sobretudo na Páscoa e no Natal, acaba dando significado puramente comercial as datas.

Creio que o mais importante em dias festivos como esses é a reunião familiar em si, o restante é dispensável.

E as crianças? Não devo dar ovos de Páscoa para elas?

Minha opinião, que tenho certeza que é diferente da opinião de 95% dos brasileiros, é que não é preciso dar ovos de Páscoa as crianças e inventar histórias sobre um coelho mágico que entrega os ovos.

Eu ainda não sou pai, mas tenho dois irmãos 18 anos mais novos que eu e opto apenas por dar uma barra de chocolate aos mesmos, sem citar nada sobre coelho da Páscoa, Papai Noel e outros seres inexistentes. Com meus filhos farei a mesma coisa.

Primeiro porque crianças não devem ser acostumadas a consumir muito açúcar (minha esposa fala muito sobre isso no Você Mais Fitness) e segundo porque acho que as crianças têm de saber desde cedo que cada presente custa dinheiro, e que dinheiro é fruto de trabalho.

Quando antes aprenderem isso, melhor. Reforçar a crença de que as coisas são dadas não é salutar.

O próprio idioma português já nos atrapalha na hora de passar essa lição. Usamos a expressão “ganhar dinheiro”, como se fosse possível recebê-lo do nada. Em contrapartida, os países de idioma inglês usam a expressão “make money” (fazer dinheiro), que deixa mais clara a ideia de que é preciso trabalhar para ter dinheiro.

Conclusão

Como citei na introdução deste artigo, estou nadando contra a maré.

Tenho plena consciência que a opinião da maioria das pessoas é contrária a minha.

Reforço novamente que não sou contra a troca de presentes em qualquer data (já até comprei o chocolate da Páscoa, em barra, logicamente).

Em todo caso, esse artigo mostra um pouco da minha forma de pensar. O raciocínio aplicado aqui é o mesmo aplicado a todas as decisões financeiras que todo em minha vida. E estou bem contente com os resultados advindos dessas decisões.

Da mesma maneira, acredito que a pessoa que é levada pela massa a comprar o que a tradição manda é a mesma que compra o que não precisa para impressionar os outros, que troca de carro porque lançaram um modelo novo, que faz dívidas porque todo mundo faz, que investe nos títulos de capitalização porque o gerente manda e que, por fim, vai se aposentar e passar dificuldades como 99% dos idosos brasileiros (dados do IBGE na figura abaixo).

ibge

Para finalizar este artigo deixo a frase abaixo, do escritor americano Claude C. McDonald, para reflexão:

Algumas vezes uma maioria simplesmente significa que todos os tolos estão do mesmo lado.”

Fico grato caso possa deixar um comentário abaixo manifestando sua opinião sobre o assunto.

Obrigado!

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